Quando falamos em planejamento financeiro, de imediato pensamos em algo complicado, que irá tomar muito tempo ou até mesmo ter que fazer inúmeras planilhas. A verdade é que com todo avanço tecnológico e da internet, é possível começar a entender como organizar as finanças pessoais de forma simples, a partir de ferramentas ou aplicativos disponíveis gratuitamente.
Mas antes da sugestão de alguns destes, é relevante compreender o porquê uma organização financeira da renda pessoal pode fazer a diferença para qualquer pessoa, independente do seu ganho financeiro. Algumas regrinhas são fundamentais para que se tenha um bom controle do orçamento mensal.
Primeiro: Divisão das despesas mensais – Estabelecer limites evita imprevistos
Para quem busca entender como organizar as finanças pessoais, o primeiro passo é visualizar com clareza para onde vai o dinheiro todo mês.
Quem nunca ouviu um amigo falar ou até mesmo aconteceu consigo mesmo a situação: “esse mês não sobrou nada” ou “o cartão estourou o limite”.
Pois bem. Uma situação que pode acontecer inesperadamente, porém, é possível ser evitada ou pelo menos prevista. O primeiro passo é fazer a divisão das despesas fixas e gastos extras, mediante a remuneração mensal. Ou seja, uma divisão dos valores para cada categoria.
Segue exemplo de divisão para despesas fixas:
Salário ou renda mensal: R$ xx
Moradia (se for o caso): R$ xx
Condomínio (se for o caso): R$ xx
Água/energia: R$ xx
Internet/plano celular: R$ xx
Plano de saúde (se for o caso): R$ xx
Mercado: R$ xx
Farmácia: R$ xx
Educação (se for o caso): R$ xx
Gastos extras: Lazer em geral (comida, cinema, eventos, assinaturas de streamings, vestimentas, contratação de serviços/outros) – Fazer uma soma prevendo exceder 20% a mais por precaução.
Ao somar todas as despesas fixas e gastos extras e subtrair da renda mensal, será possível ter uma visão clara da situação financeira do orçamento mensal. Caso esteja com uma “folga”, é importante ter consciência e controle para não entrar em “aperto”. E o mais indicado é investir, independente de objetivos curtos ou longos.
Segundo: Estabelecer uma reserva financeira (emergências e imprevistos)
A frase “imprevistos acontecem” sem dúvidas vai surgir em meio a questões financeiras. Reparos em casa ou no veículo, uma despesa médica ou até a perda de um emprego ou renda principal, pode fazer parte dos “imprevistos”. E nunca se sabe em qual momento irá acontecer. Com isso, uma reserva financeira é fundamental para cobrir eventuais surpresas.
O recomendado por especialistas, mas não é uma regra, seria estabelecer uma reserva para 06 meses, somando o cálculo do que é gasto mensalmente, para uma cobertura de um semestre. Um exemplo prático é que se o custo de despesas totais no mês é cerca de R$ 3.000,00 o sugerido seria uma reserva financeira de R$ 18.000,00. Obviamente, para alcançar esse valor, é compreendido que se deve ter um comprometimento para reservar a cada mês um percentual direcionado a esse objetivo.
Terceiro: Cortes temporários – Será que preciso mesmo?
Após definir as despesas mensais fixas e extras, bem como compreender o cenário ideal para uma reserva de emergência, é importante fazer um breve exercício de reflexão sobre o que é essencial e o que pode ser excluído ou cortado temporariamente da rotina pessoal. O que consequentemente, irá trazer uma folga financeira mesmo que seja mínima para o orçamento mensal. Pode-se começar justamente pelos gastos extras, a partir de uma avaliação do quanto se é utilizado para o quanto se pode reduzir ou excluir.
Pedidos por delivery: Caso seja utilizado 4x por final de semana, tentar reduzir para 2x.
Assinaturas de streaming: Conferir o que tem maior utilização, cancelando o que quase não tiver uso.
Cinema: Mesmo que não tenha direito à meia entrada, vale conferir se é possível ter acesso ao benefício através do seu cartão de crédito ou por adesão a planos de telefonia/internet. O que pode gerar um desconto no quesito “gastos com lazer”.
Vestimentas: Por mais que precise de determinado item, sempre vale pesquisar, principalmente se a compra for online. Em caso de não ser uma urgência, uma boa dica é comprar o item na estação oposta. Por exemplo, se o item for um casaco, pesquisar nas estações de primavera/verão pode contribuir para uma boa economia.
Por fim, toda pequena ação feita mês a mês trará uma melhor economia anual e mostrará, na prática, como organizar as finanças pessoais para diferentes objetivos, seja uma aplicação financeira ou até mesmo suprir uma necessidade de emergência.
Quarto: A importância de registar – Sugestões de aplicativos
Hoje em dia, os aplicativos digitais facilitam a vida de todos. Seja para compras, pagamentos, estudos e até mesmo para controlar as finanças pessoais. Uma prova disso são os aplicativos gratuitos para registrar despesas e obter melhor organização financeira.
Alguns sugeridos e de fácil utilização são:
Mobills: Conta com geração de relatórios, alerta de contas a pagar, gestão do cartão de crédito e controle de despesas e receitas.
Minhas economias: Dispõe definição de metas, planejamento financeiro, categorização de despesas, relatórios e gerenciamento de contas e cartões.
Monfey: Oferece sincronização com Dropbox e Google Drive, planilha de gastos, controle de orçamento diário, calculadora e categorização de despesas.
Além do orçamento (Planejador): Permite que o usuário faça uma análise da saúde financeira, bem como controla o que o usuário pode gastar.
Gastos – Gestor de Orçamento: Envia lembretes para evitar esquecimento, exibe gráficos de gastos mensais e anuais, além de todo o controle das despesas.
Todos os aplicativos sugeridos contam com versão gratuita, mas também possuem recursos extras que podem ser comprados mediante a assinatura mensal.
Para aqueles que preferem optar por planilhas, é possível baixar modelos gratuitos e de fácil edição em sites como:
Excel Simples: https://excelsimples.com/planilha-de-controle-financeiro-download/
iDinheiro:https://www.idinheiro.com.br/financaspessoais/planilha-de-controle-financeiro-pessoal-tipos/
Mobills: https://www.mobills.com.br/blog/planilhas/planilha-de-controle-financeiro/
Independente da escolha da ferramenta ou aplicativo para a organização do orçamento mensal, o mais importante é manter o hábito do registro, mesmo que não seja de imediato, mas fazer o possível para atualizar os gastos fixos ou quaisquer despesas extras. Dessa forma, obtendo melhor controle para futuras tomadas de decisões que envolvam as finanças pessoais.
Quinto: Investimentos – Projetos de curto ou longo prazo
Além da reserva financeira para emergências, é possível também realizar investimentos de acordo com objetivos de curto a longo prazo, como: viagens, reformas ou aquisições de bens. Todavia, é preciso entender que algumas opções de aplicações podem ter riscos e impossibilidade de resgate imediato.
Mas antes de aplicar em determinado investimento ou até mesmo se houver dúvida por onde começar, os grandes bancos geralmente fornecem um questionário online, feito direto pelos aplicativos das próprias instituições financeiras, para conhecer o “perfil do investidor”, com isso, definindo em qual melhor perfil o usuário/cliente está enquadrado. Mas quais são esses perfis e tipos de investimentos sugeridos para cada um?
Os principais e mais conhecidos são:
Perfil conservador: Prefere ter maior segurança na hora de investir, evitando riscos, bem como a possibilidade de resgate imediato de valores. Neste perfil, o investidor prioriza ganhos reais, mesmo com rendimentos baixos. Normalmente, os investimentos indicados são: CDBs (Certificados de Depósito Bancário), Títulos de Tesouro Direto e Fundos de Renda Fixa ou até mesmo a tradicional Poupança.
Perfil moderado: Fica no meio termo entre o perfil moderado e o arrojado, que é conhecido como o mais arriscado. Um pouco diferente do investidor conservador, esse tende a correr riscos médios para conseguir uma rentabilidade média. Algumas opções para investimentos são: Renda fixa, opções de multimercados e ações da Bolsa de Valores.
É importante ressaltar que em boa parte dos casos, o investidor moderado já possui um conhecimento prévio sobre finanças e mercado financeiro, de forma a facilitar a diversificação de suas aplicações financeiras.
Perfil arrojado ou agressivo: Geralmente se trata de um investidor com maior conhecimento sobre investimentos e finanças, contudo, sempre planejando e estudando cada nova aplicação. É um perfil que assume correr um maior risco, mesmo com perdas, porém almejando grande rentabilidade. Alguns exemplos de investimentos são: ações, fundos de ações, day trade, fundos imobiliários e até criptomoedas.
Para quem está começando a investir, independentemente do valor ou tempo da aplicação, outra dica importante é estudar sobre o assunto de forma simplificada. Com o acesso facilitado à internet, atualmente tanto nas redes sociais quanto nas plataformas de vídeo, a exemplo do YouTube, é possível acompanhar profissionais e especialistas que ensinam sobre educação financeira e como investir corretamente, de acordo com cada objetivo. Nomes reconhecidos como: Gustavo Cerbasi, Nathalia Arcuri, Tiago Reis, Bruno Perini, Nathalia Rodrigues (Nath Finanças) e entre outros, possuem canal no YouTube com temas diversos acerca do mundo das finanças.
Sem dúvidas, vale conferir e passar a estudar com maior frequência para se ter um bom planejamento não somente do orçamento mensal, mas de futuros investimentos.
No artigo de hoje, o objetivo foi destacar que saber como organizar as finanças pessoais é tão essencial quanto planejar um negócio, criar uma marca ou lançar um produto. O cuidado com o dinheiro deve estar presente em todas as áreas da vida.