O mundo corporativo vem passando por inúmeras transformações, seja com a utilização de novas tecnologias, novos postos de trabalho que antes não existiam , bem como a evolução da IA na maioria dos setores econômicos. Mas outro fato importante que não podemos deixar passar despercebido, é o crescimento constante da liderança feminina nas organizações ou à frente do próprio negócio.
Tal crescimento vem sendo atribuído principalmente à capacidade de promover uma gestão eficaz e humanizada ao mesmo tempo. Isso porque em termos de números e resultados alcançados, as empresas têm notado um estilo de liderança em que se é possível equilibrar resultado, gestão mais empática, colaborativa e de conduta em linha com a cultura e valores organizacionais.
Todavia, sabemos que nem sempre os postos de trabalho, muito menos os cargos de liderança eram atribuídos comumente às mulheres. Se formos fazer uma breve linha do tempo, um dos marcos que influenciou essa evolução foi o direito ao voto feminino, o que causou uma revolução no avanço democrático e emancipação feminina.
O direito ao voto das mulheres, conhecido como sufrágio feminino, começou a ser reivindicado no século XIX, especialmente em países como os Estados Unidos e o Reino Unido. As mulheres buscavam participar das decisões políticas e sociais que impactavam diretamente suas vidas, reivindicando igualdade de voz e representação.
A Nova Zelândia foi o primeiro país do mundo a reconhecer esse direito, em 1893, tornando-se um marco histórico no avanço da cidadania feminina. Em seguida, outros países seguiram o exemplo, como a Austrália (1902), a Finlândia (1906) e a Noruega (1913).
Nos Estados Unidos, o voto feminino foi oficialmente garantido em 1920, com a promulgação da 19ª Emenda à Constituição, consolidando décadas de luta das sufragistas norte-americanas.
No Brasil, o direito ao voto feminino foi conquistado em 1932, durante o governo de Getúlio Vargas, com o novo Código Eleitoral.
A primeira mulher a votar legalmente no país foi Celina Guimarães Viana, no Rio Grande do Norte, em 1927, antes mesmo da lei federal — graças a uma lei estadual pioneira. Em 1934, a Constituição reconheceu oficialmente o direito das mulheres ao voto e à elegibilidade, ou seja, o direito de também serem eleitas. A participação, que inicialmente era facultativa, tornou-se obrigatória em 1946, nos mesmos termos que a dos homens.
Gerando-se assim, um avanço democrático, ampliando a representatividade política, além de um marco da emancipação feminina, rompendo com a exclusão das mulheres da esfera pública, o que deu espaço para um ponto de partida para outras conquistas, como o direito ao trabalho, à educação e à igualdade jurídica.
Hoje, compreendemos a importância dessas conquistas, que ocasionaram a evolução de direitos primordiais para mulheres e que contribuem para uma sociedade mais justa nos dias atuais. Obviamente, que tal processo foi uma jornada de lutas e esforços, e é preciso reconhecer essa parte da história como parte da colheita do presente.
De acordo com o relatório “Women in Business 2025” da Grant Thornton, empresas com maior representatividade feminina em cargos de liderança apresentam índices mais altos de satisfação interna e inovação.
Globalmente, as mulheres ocupam 34,0% dos cargos de liderança sênior em empresas de médio porte (mid-market) em 2025, representando um aumento modesto de 0,5 ponto percentual em relação a 2024.
No ritmo atual de crescimento, a paridade de gênero (50%-50) nessas posições só deve ser alcançada por volta de 2051.
Empresas que enfrentam pressão externa — de investidores, clientes, reguladores ou parceiros — tendem a apresentar melhores resultados em diversidade de gênero. Cerca de 77% das empresas de médio porte relataram ter recebido algum tipo de solicitação ou incentivo nesse sentido.
Os benefícios de uma liderança mais equilibrada entre homens e mulheres são evidentes:
- 31% das empresas afirmam que suas estratégias de igualdade de gênero ajudaram a criar uma “cultura onde todos os colaboradores se sentem tratados de forma igual” (Grant Thornton).
- 23% relatam que suas organizações se tornaram mais inovadoras como resultado direto dessas iniciativas (Grant Thornton).
Em nível regional, o Brasil se destaca com 36,7% das posições de liderança em empresas de médio porte ocupadas por mulheres, segundo o mesmo relatório.
Entre os setores, há variações significativas: o segmento de “Travel, Tourism & Leisure” apresenta cerca de 43,2% de mulheres em cargos seniores, enquanto o setor industrial (“Industrial Products”) tem aproximadamente 28,7%.
Diante de um mercado cada vez mais diverso e conectado, a liderança feminina e a gestão humanizada representam não apenas um avanço social, mas uma necessidade estratégica para o futuro das organizações. Promover espaços onde empatia, colaboração e propósito coexistem com performance é o caminho para construir empresas mais inovadoras, sustentáveis e verdadeiramente inclusivas.
O fortalecimento dessas práticas amplia a capacidade de adaptação, atrai talentos e reforça o compromisso das instituições com um modelo de trabalho que valoriza o ser humano tanto quanto os resultados.