Mapeamento de Riscos: como diferenciar pequenas e grandes ameaças ao seu negócio

Quando empreendemos, podemos enfrentar muitas dificuldades. Seja por falta de experiência, conhecimento e recursos ou por conta de eventos que fogem ao nosso controle, diversos fatores afetam negativamente nossos negócios, dificultam nossos planos e nos atrasam ou impedem de alcançar nossos objetivos.

Em uma postagem anterior, apresentamos a Análise SWOT como ferramenta útil para identificar as forças e oportunidades que devemos aproveitar e as fraquezas e ameaças que devemos corrigir ou combater de forma planejada.

Mas feito isso, surge a pergunta: ao tratar das fraquezas e ameaças que atrapalham seu empreendimento, será que todos têm o mesmo peso e devem ser tratadas com a mesma prioridade? A resposta é não! Para planejar de forma efetiva a resposta ou prevenção aos riscos negativos precisamos diferenciá-los com cuidado.

Nesse contexto, é necessário fazer um Mapeamento de Riscos com o objetivo de ter mais clareza de quais fraquezas e ameaças devem ser tratadas com mais atenção para garantir o sucesso de seu empreendimento à longo prazo.

1º passo: identificar os riscos

Antes de colocar a mão na massa com seu empreendimento, é preciso esclarecer seus objetivos, assim como identificar os elementos negativos que podem te atrapalhar a alcançá-los. Sabendo quais são os riscos, deve-se preparar uma resposta aos problemas mais perigosos a fim de não perder tempo ou recursos quando eles surgirem. Em outras palavras: planejar é mais econômico do que improvisar!

O primeiro passo a ser tomado é a identificação dos riscos, dos fatores negativos internos e externos que atrapalham seus negócios. Isso pode ser feito, como dito anteriormente, com a Análise SWOT.

2º passo: reconhecer o grau de impacto

O segundo passo é diferenciar a gravidade potencial dos riscos, ou seja, a quantidade de impacto negativo que eles podem gerar ao seu empreendimento (perda de tempo, dinheiro, etc.). Em alguns casos os fatores negativos são apenas uma inconveniência, mas em outros podem acabar com a sustentabilidade de seus negócios. 

Imagine o caso de Maria, uma confeiteira autônoma que trabalha fazendo bolos e doces para festas há menos de 6 meses. Ela produz em média 50 bolos e 1500 doces por semana e possui um fornecedor fixo especializado em itens de confeitaria que lhe envia os insumos semanalmente. Certo dia, ela recebe a mensagem de seu fornecedor avisando que a entrega de ingredientes que utilizaria durante a semana chegará com um atraso de 3 dias.

Maria, apesar de ótima confeiteira, não possui conhecimentos administrativos e, por falta de planejamento, não possui um estoque de emergência. Sem ingredientes para fazer seus produtos, ela tem duas opções: adquirir urgentemente os insumos com outro fornecedor ou num mercado (que custariam mais caro) ou cancelar parte de suas entregas. No primeiro caso, ela perde parte dos lucros ao gastar mais com os ingredientes. No segundo, ela perde toda a renda de vendas e também a confiança de alguns clientes, que podem deixar de requisitar seus produtos e até falar mal de seu serviço para conhecidos.

Um atraso do fornecedor pode levar, portanto, desde pequenas perdas de lucratividade até a perda de clientes atuais ou potenciais no pior dos casos, afetando a sustentabilidade do negócio. Caso Maria tivesse se preparado para um eventual problema com seu fornecedor e feito uma gestão de estoque adequada com uma reserva de emergência, ambos os cenários seriam evitados e o atraso não afetaria seu empreendimento drasticamente. 

3º passo: reconhecer a probabilidade do evento

Depois de classificar os riscos de acordo com seu impacto, o terceiro passo é identificar a probabilidade de ocorrência dos riscos. Afinal, é muito provável que eles ocorram? Ou são eventos raros, que ocorrem apenas em condições muito específicas?

O exemplo do atraso no recebimento de insumos pode ser um problema pontual com baixas chances de acontecer quando se trabalha com um fornecedor de confiança ou um evento recorrente com um fornecedor inconstante. Além disso, para Maria existem riscos que são certos e cotidianos, como a competição econômica pela clientela com outras confeiteiras.

No caso de eventos muito prováveis como a concorrência, é preciso estar atento aos preços e produtos oferecidos pelas concorrentes a fim de criar estratégias para fidelizar os próprios clientes (como ofertar novos sabores, realizar promoções ou dar descontos em datas especiais, utilizar um cartão de fidelidade com bonificações, melhorar o marketing de seus serviços, etc).

4º passo: construir uma tabela de riscos

Por fim, o quarto passo a ser tomado é criar uma tabela para visualizar quais riscos são prioritários ou não levando em conta seu impacto e sua probabilidade. Isto pode ser feito com papel e caneta ou em uma planilha eletrônica. Os riscos com alta probabilidade e alto impacto podem ser coloridos de vermelho e os de baixa probabilidade e baixo impacto de verde, enquanto os intermediários de amarelo ou laranja, como na imagem a seguir:

Passo extra: do mapeamento para o plano de gestão de riscos

Por fim, depois de classificar os riscos de acordo com a prioridade de tratamento segundo sua posição na tabela, pode-se planejar as ações para lidar com cada um deles.

Alguns riscos como a falta de ingredientes por atraso do fornecedor podem ser evitados com uma boa gestão de estoque. Outros riscos como a concorrência econômica podem ser mitigados com estratégias de marketing e fidelização dos clientes. Alguns podem ser transferidos ao contratar um terceiro para realizar alguma atividade que você não tenha capacidade ou conhecimento. Por fim, certos riscos de baixo impacto e baixa probabilidade podem ser simplesmente aceitos caso você precise dar prioridade a outros problemas.

Esta etapa é a construção de um plano de gestão de riscos. Ao invés de ter de improvisar quando os problemas surgirem, ao seguir esse passo a passo você pode antecipá-los, identificar os mais relevantes ou ameaçadores ao seu sucesso e planejar ações específicas para cada problema.

Exercício prático:

O Mapeamento de Riscos só faz sentido se adaptado às especificidades do seu empreendimento. Propomos então um exercício para que você aplique essa ferramenta levando em conta os problemas típicos que você vai enfrentar nos seus negócios. Siga as instruções a seguir:

  1. Identifique os problemas ou fatores negativos que podem atrapalhar os seus objetivos e seu negócio. Para tal, pode-se usar a análise SWOT para reconhecer suas fraquezas e as ameaças ao seu empreendimento.
  2. Classifique os riscos de acordo com o impacto que eles poderiam gerar ao seu negócio numa escala de varia de Muito Baixo, Baixo, Médio, Alto e Muito Alto, em que Muito Baixo seria um pequeno inconveniente e Muito Alto algo que impediria seu negócio e te afetaria muito negativamente em termos de dinheiro, recursos ou tempo gastos para resolver.
  3. Classifique os riscos de acordo com a probabilidade deles ocorrerem, levando em conta seus conhecimentos e experiências, numa escala que varia de Muito Baixo, Baixo, Médio, Alto e Muito Alto, em que Muito Baixo são eventos muito improváveis/raros e Muito Alto eventos extremamente comuns, corriqueiros ou certos.
  4. Construa uma tabela de Probabilidade x Impacto e preencha com os riscos de acordo com suas classificações anteriores, a fim de identificar quais riscos devem ser tratados com mais prioridade.
  5. Após reconhecer os riscos mais relevantes, pense em ações específicas para combatê-los. Lembre-se que os riscos podem ser evitados, mitigados, transferidos ou, em certos casos, simplesmente aceitos quando têm impactos pequenos e são raros.

Inscreva-se na nossa newsletter!

Veja artigos relacionados

Você já imaginou que, ao abrir seu próprio negócio, você também faz parte de um...

Estar endividada não define quem você é. O que define é a coragem de querer...

Quando se decide empreender, existem diversas motivações e objetivos em mente. Obter maior controle do...