Toda grande empresa nasceu de uma ideia. Ideia essa que geralmente começa pequena, sem muita estrutura, mas que possui uma vontade genuína de crescer. Seja um pequeno salão de beleza, doceria, loja de roupas ou utilidades e até mesmo uma produção de pães na cozinha de casa. 

Segundo o Sebrae, a participação das mulheres iniciando um empreendimento voltou a crescer em 2024, sendo cerca de 46,8%, considerando um panorama pós-pandemia. Em 2025, houve um atingimento histórico: 48% das atividades empreendedoras são representadas por mulheres, o que destaca uma evolução de 38% desde 2020.

Ainda conforme os dados do Sebrae/GEM Brasil 2025, o perfil das novas empreendedoras inclui: idade entre 25 e 44 anos, a maioria  com ensino superior incompleto ou formação técnica, renda familiar entre 1 e 3 salários mínimos, negócios iniciados com menos de R$ 5 mil, forte presença no ambiente digital e uso de redes sociais (Instagram, WhatsApp, TikTok) e atuam majoritariamente de casa ou em espaços compartilhados 

Um dos principais desafios é que a maioria enfrenta a dupla jornada, conciliando com outras atividades e até mesmo a rotina com filhos. Contudo, ainda assim, conseguem desempenhar a  função de mulher empreendedora com dedicação e orgulho.

Comandar um negócio não é tarefa fácil, todavia não é impossível. Uma prova disso são as mulheres que administram  grandes empresas, mas que enfrentaram no passado grandes barreiras. Elas começaram com pouco ou quase nada, mas nunca desistiram de acreditar no sucesso. 

Mulheres Reais: Trajetória inspiradora de mulheres que comandam grandes empresas

Muitos dos rostos estampados em portais, propagandas e redes sociais nos dias de hoje,  já fizeram parte do anonimato. Pois para muitos, eram apenas  mulheres trabalhadoras exercendo funções comuns. Atualmente, elas são sinônimo de persistência e inspiram outras empreendedoras. Alguns exemplos, são:

Luiza Helena Trajano – Magalu

Luiza Helena Trajano nasceu em Franca, São Paulo, em 9 de outubro de 1948. Aos 12 anos, começou a trabalhar como balconista nas lojas da família durante as férias escolares, desenvolvendo cedo sua vivência no varejo. Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Franca em 1972 e, ao longo dos anos, atuou em diferentes áreas da empresa — de vendas à gestão — até se tornar superintendente em 1991.

Em 1992, introduziu as primeiras lojas virtuais no Brasil, permitindo que clientes comprassem por meio de terminais multimídia, mesmo sem o produto estar fisicamente disponível. Também criou a tradicional Liquidação Fantástica, que se tornou referência no varejo nacional. No ano 2000, lançou o e-commerce do Magazine Luiza, e em 2011 promoveu o IPO da companhia, acelerando sua expansão. A partir daí, estruturou o LuizaLabs e ampliou o portfólio de soluções digitais, como MagaluPay, marketplace e aquisições estratégicas de empresas como Netshoes e Estante Virtual.

Em 2015, assumiu a presidência do Conselho de Administração, conduzindo a transição de liderança para seu filho, Frederico Trajano, que se tornou CEO em 2016. Sob sua influência, o Magalu consolidou-se como um ecossistema digital robusto, mantendo forte cultura de inovação. Reconhecida internacionalmente, foi eleita Pessoa do Ano em 2020 e entrou para a lista da TIME das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2021. Além dos negócios, fundou o Grupo Mulheres do Brasil, liderando causas sociais voltadas à igualdade de gênero, combate à violência doméstica e iniciativas como “Unidos pela Vacina”.

Jéssica Ramalho – Acuidar

A história da Acuidar começa com a trajetória pessoal de Jéssica Ramalho, que desde os 7 anos cuidava do pai, portador de doenças como diabetes, hipertensão e demência. Essa vivência precoce lhe deu sensibilidade e visão sobre a importância de um atendimento humanizado e qualificado. Mais tarde, formada em Fisioterapia pela UFPB e unindo conhecimentos ao do marido, o médico geriatra Vitor Hugo de Oliveira, ela decidiu transformar sua experiência em um negócio com propósito: fundar, em 2016, na cidade de João Pessoa (PB), a Acuidar, empresa de cuidados domiciliares.

Com poucos recursos, o casal recorreu a um empréstimo bancário de R$ 10 mil para iniciar as atividades. A proposta se mostrou promissora e o investimento foi quitado já no primeiro ano. O crescimento foi rápido: ainda no início, a equipe contava com dezenas de colaboradores e, em 2018, abriram a segunda unidade em Recife, consolidando a marca e ampliando a presença no mercado de cuidados especializados.

A alta demanda fez com que, em 2020, a Acuidar adotasse o modelo de franquias, garantindo expansão sem perder qualidade. Hoje, a rede se destaca como uma das maiores da América Latina no setor, reunindo centenas de unidades e mantendo o mesmo propósito que originou o negócio: oferecer cuidado próximo, afetuoso e profissional a quem mais precisa.

Leila Velez e Zica Assis – Cofundadoras do Instituto Beleza Natura

A trajetória começou com Zica Assis, que trabalhou como babá, empregada doméstica e faxineira antes de se tornar cabeleireira. Insatisfeita com os produtos disponíveis para seu tipo de cabelo, ela passou 10 anos testando e desenvolvendo uma fórmula própria para reduzir o volume sem danificar os fios. Em 1993, uniu-se a Leila Velez — que à época era gerente do McDonald’s e também vinha de origem humilde — além de outros dois sócios, para abrir o primeiro salão no Rio de Janeiro.

O negócio cresceu rapidamente pela alta demanda e pela proposta inovadora, oferecendo não apenas serviços, mas também autoestima e empoderamento para mulheres de cabelos naturais. Hoje, o Beleza Natural possui dezenas de unidades em várias cidades brasileiras, emprega milhares de pessoas e conta com uma fábrica própria para sua linha de cosméticos. A marca é reconhecida internacionalmente como exemplo de empreendedorismo social e inovação no setor de beleza.

Cleusa Maria da Silva – Sodiê Doces

A Sodiê Doces nasceu em 1997, em Salto (SP), quando Cleusa Maria da Silva, vinda de uma vida simples e marcada por trabalhos rurais e domésticos, começou a produzir bolos para ajudar a esposa de seu patrão, que estava doente. Sem experiência prévia, aprendeu a receita, contou com o apoio da mãe para aperfeiçoá-la e iniciou as vendas a pé, operando em um espaço de apenas 20 m². O sucesso local levou à mudança para um espaço maior em 2001 e à expansão para cidades vizinhas como Sorocaba, Americana, Itu e Indaiatuba.

Em 2006, incentivada por um cliente, Cleusa transformou o negócio em franquia, alcançando 50 unidades já em 2009. O crescimento seguiu com a criação da Sodiê Salgados em 2017, liderada por seu filho Diego, e a internacionalização em 2019, com a abertura da primeira loja em Orlando (EUA). Em 2021, a rede já contava com mais de 360 unidades no Brasil e duas no exterior, consolidando-se como uma das maiores franquias de confeitaria do país.

O que as histórias possuem em comum?

Por mais que os negócios sejam diferentes, eles possuem algumas características em comum como: solucionar um problema visando atender a demanda das pessoas, utilizar de recursos disponíveis para criar um produto (mesmo que seja limitado), aplicar o conhecimento em prol  do próprio crescimento e inovação do negócio, e por fim, muito planejamento. 

Considerações finais 

O artigo de hoje teve como objetivo apresentar histórias verídicas de mulheres que começaram com poucos recursos, mas que hoje inspiram o empreendedorismo feminino e se destacam no desempenho de suas funções, com dedicação e compromisso em entregar a melhor experiência para seus clientes.