A desigualdade social e financeira entre homens e mulheres não é novidade para a população brasileira, principalmente para a parte feminina. Nas últimas décadas, vimos um aumento significativo na independência e na atuação de mulheres na área profissional. A jornada feminina no mercado de trabalho é recente e árdua, mas cada vez mais mulheres estão buscando sua independência.

Um estudo realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc) mostra que o Brasil fechou o quarto quadrimestre de 2021 com 10,1 milhões de mulheres à frente de um negócio. O crescimento da busca por independência financeira das mulheres não é atoa: ainda segundo o Sebrae, a maioria das mulheres empreendem por necessidade ou falta de emprego e 49% delas são, também, chefes de família.

Mas, afinal, o que o empreendedorismo tem a ver com o empoderamento feminino?

O empoderamento feminino é, antes de mais nada, o reconhecimento das mulheres sobre suas próprias capacidades. O ato de empoderar é tomar poder sobre si, o que possibilita que mulheres não se deixem ser inferiorizadas por seu gênero e busquem, cada vez mais, o fortalecimento da igualdade de gênero. Reconhecer que o fato de empreender já é por si só uma forma de empoderamento feminino e que ambos estão atrelados à sua importância na vida da população feminina é essencial. A mulher empreendedora, quando decide empreender, dá o primeiro passo para empoderar-se por si mesma, de suas finanças pessoais e suas relações sociais. 

Para a ONU Mulheres, que lançou em 2010 os princípios de empoderamento das mulheres em busca de melhora na qualidade de relações de gênero, o empreendedorismo precisa ser apoiado e promovido através da melhoria e do desenvolvimento de políticas de empoderamento, educação e capacitação feminina visando o desenvolvimento das profissionais. Afinal, a mulher precisa se reconhecer capaz (empoderada) para dar o pontapé inicial em sua própria vida. 

Conforme a ONU mulheres, são princípios de empoderamento feminino:

1. Estabelecer liderança corporativa sensível à igualdade de gênero, no mais alto nível.
2. Tratar todas as mulheres e homens de forma justa no trabalho, respeitando e apoiando os  direitos humanos e a não-discriminação.
3. Garantir a saúde, segurança e bem-estar de todas as mulheres e homens que trabalham na empresa.
4. Promover educação, capacitação e desenvolvimento profissional para as mulheres.
5. Apoiar empreendedorismo de mulheres e promover políticas de empoderamento das mulheres através das cadeias de suprimentos e marketing.
6. Promover a igualdade de gênero através de iniciativas voltadas à comunidade e ao ativismo social.
7. Medir, documentar e publicar os progressos da empresa na promoção da igualdade de gênero.

Já estamos em 2024, mas esses princípios ainda são, muitas vezes, ilusórios para a maioria das mulheres e se faz necessário, ainda nos dia de hoje, lutar por eles. Empreender para as mulheres vai muito além da busca de rendimento mensal. É também conquistar liberdade e evolução constante em suas relações, lutando por seu próprio espaço e valorizando cada vez mais a sua atuação em busca de mais segurança para si e a sua família. 

Tornar o mercado de trabalho mais igualitário, mesmo que homens se esforcem para não o fazê-lo e possibilitar para outras mulheres buscarem empoderamento empreendendo se faz necessário e genuíno.

Conforme uma pesquisa do Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, as mulheres que lideram negócios são as que mais contratam outras mulheres em seus empreendimentos. As mulheres são as que mais apoiam outras mulheres dentro do mercado de trabalho, o que cria uma ação de efeito e multiplica a representação feminina dentro dos ambientes de trabalho.

Conforme o Sebrae, “o empreendedorismo feminino é um dos caminhos para reduzir as desigualdades de gênero, contribui para o crescimento da economia e para geração de empregos, além de transformar também as relações sociais”. E, através do empoderamento feminino, podemos possibilitar cada vez mais mulheres empreendedoras, donas de si e independentes social e financeiramente.